terça-feira, 8 de maio de 2012

UE tem de alargar visão sobre Responsabilidade Social


A União Europeia «continua agarrada à ideia que só as empresas é que têm Responsabilidade Social», denuncia Mário Parra da Silva, presidente da direcção da APEE – Associação Portuguesa de Ética Empresarial. Para o responsável, «os sindicatos e as Organizações Não governamentais, por exemplo, também deveriam participar nas reuniões que as organizações realizam sobre a temática», ao contrário da estratégia da Comissão Europeia para a responsabilidade Social 20011-2014, publicada recentemente.
Parra da Silva falava, esta manhã, na abertura da sétima edição da Semana da responsabilidade Social, que decorre em Lisboa na Fábrica Braço de Prata até sexta-feira. Este ano o evento, do qual o SOL é media partner, é dedicado ao tema Mudança e Inovação Para Novos Estilos de Vida.
Para o presidente da APEE, que promove a iniciativa, a União Europeia «ficou claramente atrasada neste movimento, prisioneira de uma visão filantrópica e assistencial da Responsabilidade Social, que sempre encarou como sendo apenas das ‘corporações’». Além disso, «Portugal foi muito prejudicado, porque muitas organizações portuguesas alinharam sem crítica com esta perspectiva, que já em 2004 tinha sido abandonada pela comunidade internacional e pelos países do norte e centro da Europa», acrescentou.
O responsável referiu ainda que é «incompreensível que a Comissão se tenha submetido durante tanto tempo aos mais mesquinhos interesses dos que defendem a liberdade absoluta das empresas, cuja responsabilidade seria apenas pagar impostos». À margem do evento, Parra da Silva detalhou ao SOL que «perdeu-se muito tempo e dinheiro a financiar com subsídios europeus projectos sem qualquer impacto na produtividade nacional e que de concreto apenas produziram alguma caridadezinha, umas escolas pintadas, algum lixo recolhido, uma ou outra iniciativa de apoio a públicos de facto carenciados, como crianças, pessoas portadoras de deficiência».
O facto de a Comissão Europeia ter passado a incluir a Ética, à temática da Responsabilidade, «é uma das vantagens desta nova estratégia», acrescentou.
Como parra da Silva já tinha explicado ao SOL, «o essencial, que era mudar a estratégia de gestão e integrar as decisões ambientais, laborais, de direitos humanos, de envolvimento com a comunidade, com adequadas práticas operacionais e com a adopção de valores e princípios éticos nas políticas e decisões, isso não foi sequer falado, quanto mais feito».
Neste campo, a APEE «bateu-se sempre pela perspectiva da Responsabilidade Social que a ISO 26000 adoptou – uma norma introduzida por Portugal e que se baseia na auto-regulação -, e pela difusão dos 10 princípios do Global Compact, que fornecem um simples mas excelente guia para uma boa conduta ética».
À semelhança dos anos anteriores, a SRS vai decorrer simultaneamente em várias cidades, nomeadamente Lisboa, Porto, Figueira da Foz, Viana do castelo, Águeda e Ponta Delgada.
SOL
Tags: Economia

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